Os arquitetos Marcos Paulo Caldeira, Mila Strauss e Cristiane Almeida debateram sobre inovações tecnológicas na arquitetura com a jornalista Vivian Sipriano. Marcos e Mila são sócios do renomado escritório de arquitetura MM18.
Um dos destaques do bate-papo foi o uso de madeira engenheirada como o CLT (Cross Laminated Timber). “São placas grandes e pré-moldadas. É uma construção mais seca, feita em menor tempo e pode ser levada para locais em que é mais difícil conseguir mão-de-obra”, explicou Mila.
“As folhas de madeira são coladas criando um grande painel maciço, que tem eficiência melhor do que o concreto em várias situações de laje”, relatou Marcos. O material é sustentável e adequado para diferentes regiões do Brasil. “As madeiras de reflorestamento crescem mais rápido no solo brasileiro. Nosso tempo de corte é entre 8 e 10 anos, enquanto na Europa esperam cerca de 20 anos para cortar”, disse o arquiteto.
Eles também abordaram a resistência e a complexidade em incorporar inovações tecnológicas no segmento de arquiteutra. “É difícil trazer materiais novos para o Brasil, pois a burocracia e impostos limitam a importação. Outro ponto é o preconceito porque muitos pensam que madeira engenheirada é aquela das casas em estilo germânico”, explicou Mila.
Além disso, os profissionais relataram como foi a evolução da construção em concreto no Brasil e nos Estados Unidos. “Enquanto Nova Iorque estava expandindo em estrutura metálica, nós não estávamos verticalizando tanto. Por outro lado, fazíamos umas loucuras mais modernas e vencíamos grandes vãos com concreto”, pontuou Marcos.
Outro aspecto levantado foi a importância da colaboração entre universidades e indústrias para o desenvolvimento de novas tecnologias – prática comum em países como Espanha e Estados Unidos. “O curso de arquitetura no Brasil, geralmente tem poucas aulas práticas. Por exemplo, deveria haver um canteiro de obra em todas as faculdades, mostrando o que são as estruturas, porém o aluno estuda tudo na teoria. A maior parte das universidades não faz ligação alguma com novas tecnologias e nem focam em arquitetura como construção. Tem umas que levam a graduação para um lado mais abstrato, além disso sabemos que boa parte dos estudantes quer trabalhar como designer de interiores”, concluiu o arquiteto.
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